terça-feira, novembro 10

Como tudo e nada mudou em terras de Miranda??

L' outro die, andubiran por Dues Eigreijas, dous jornalistas a mostrar a todos que passaban ne ls cafés um filme: "Trás-os-Montes".
Tiroran retratos, scribian todo l que ls "autóctones" dizian... Stubiron culs Pouliteiros, cun tiu Lázaro i mais alguns de quien faloran. Benian a fazer ua reportage, para l jornal Público, de las tierras de Miranda de agora para cumparar cum las tierras de Miranda que apareciu nesse filme.


"Trás-os-Montes (1976) é um filme português de António Reis (cineasta) e de Margarida Cordeiro. Trata-se de um documentário ficcionado (docuficção) com uma escrita acentuadamente poética e não narrativa. Especificamente, é uma etnoficção: retrata personagens típicas da Terra Fria, o nordeste montanhoso de Portugal, inventariando hábitos seculares, num ambiente rural majestoso. É uma das obras representativas do movimento do Novo Cinema e uma das primeiras docuficções portuguesas." (Retirado de wikipédia.com)

Uns dias apuis apareciu la reportage que la podeis ler eiqui: http://jornal.publico.clix.pt/noticia/06-11-2009/como-tudo-e-nada-mudou-em-terras-de-miranda-18164144.htm

André, que ya sabia de la reportage, cumprou l jornal para que todos bissem, mais ua beç, Dues Eigreijas por esse mundo scrito an las fuolhas dum jornal.

L testo era enorme i ua buona parte era de ls de la nuossa tierra.

Ampeçando por ls retratos, aparecia tiu Lázaro mi triste cula mano a tapar la cara. Diç tiu Lázaro: de tanto retrato que tiroran a las canhonas, a mi a bosear por eilhas, l perro i tubiran que poner esta!

Quando ampecei a ler lhougo quedei algo mal ampressionada:
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"Uma aldeia que já é vila wireless, e atrás do monte um pastor que se enforca. Um pauliteiro que ontem dançou em Nova Iorque, e hoje não tem emprego. Escola para todas as crianças, e não há crianças."
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Cuntinuei a ler i cada beç menos me agradaba l sentido que l testo lhebaba i las cousas que puniron alhá, cume poner cousas tan intimas cume las cousas que tiu Lázaro cuntou, pansando el que num era nada daquilho que iban a scriber.
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Isto só ie la mie oupinion mas, nal miu muodo de ber las cousas, i ponendo de lhado l'ourgulho que tengo an ser i bibir an tierras de Mirranda, acho que estes jornalistas beniron ya cum la cabeça feita de la cidade onde todo les parece tan bonito, onde para els naide passa fame, i num fuoran capazes de ber toda la beleza que hai neste cantico de Pertual. I l pior de todo, ie que l scribiran para que todos soubessem cume de ciegos beniron i se scaporan.

1 comentário:

Jorge Lira disse...

Susana, embora não seja mirandés, já fui adoptado em terras de miranda e sinto o planalto como meu. Um homem não é onde nasç é onde pasç, berdade? Para não ofender a tua língua vou escrever na que é a minha.

Não poderia estar mais de acordo contigo. Tens toda a razão. e tal como já escrevi no facebook, aqui vai a minha opinião:

Achei um artigo infeliz, pouco denso, superficial e sobretudo, sempre e sempre um pouco na perpectiva algo "jardimzoológica" que se têm assumido os "estudiosos", "antropólogos" e quejandos (incluindo os jornalistas) que vêm aqui passar - passar implica chegar e ir logo ou brevemente embora - por terras de miranda. Se fossem "antropologar" para o litoral, a partir de onde exalam os seus artigos, fariam muito melhor. E teriam muito que fazer!!! Ou então deveriam assumir uma outra abordagem. Quando não se é "Mirandés" - como é o meu caso - tem de se assumir outras abordagens. Não gostei. Nem dos filmes que deram origem ao artigo, nem do artigo, que foi desenterrar os tais filmes, que estavam esquecidos desde que foram feitos e que assim deveriam ficar, pois merecem o esquecimento e nada mais.Isto não é simples. Para quem nasce, vive, mora, milita, respira e trabalha Mirandés, qualquer abordagem deste tipo não passa de uma caricatura.

... infelizmente, é prática os jornalistas do litoral fazerem artigos sobre o "interior". A dicotomia conceptual desde logo me irrita: mas o simples facto de haver alguém que acha que pode escrever sobre outrém, que reside (na sua opinião pré formada) num plano diferente (leia-se inferior), causa-me urticária conceptual. Porquanto a estúpida divisão do país em Lisboa e paisagem agora toma uma nova forma entre litoral e interior, mas o conceito imbecil é o mesmíssimo, e por isso, este tipo de "Jornalismo" a mim dá-me vómitos.

Susana, parabéns por viveres em Dués Eigreijas, parabéns pela tua lucidez.